convido a ouvir

sábado, 31 de julho de 2010

lembranças

... porque me lembras muito... avô.
... porque me lembro das tuas lembranças...

Deolinda "Um Contra O Outro"


O som das lembranças



Parou de ler o BORDA D'ÁGUA e pôs os óculos
Aparece-lhe um sorriso por entre as rugas

Como estão agora longe os seus olhos
A mão translúcida segura-lhe o queixo
Com a outra tamborila os dedos no joelho
Ao som compassado das lembranças


O pião, a malha e o tira teimas na sueca
O fumeiro e o sabor dos caldos de castanha
As conversas amenas à roda da fogueira
As faces rosadas batendo os pentes do tear
As lavadeiras e os achigãs apanhados na ribeira
O cansaço e a resina teimosa agarrada às mãos
O cheiro intenso a ferrã acabada de cortar
O alecrim pisado nas ruas da procissão
Entram-lhe nas narinas da memória
O enleio domingueiro nos bailes de concertina

E o beijo roubado no fim da monda
Ainda lhe fazem acelerar o bater do peito

Queres os Corn flakes simples ou com mel (?)
Tanto alqueire de milho que malhei na eira
Nenhum dele serviu para corn flakes...
Que palavras balbucias, não te oiço avô
Nada minha neta, modernices... com mel.


mariam 2010/07/22

O meu agradecimento especial ao Sr. Hernâni Reis. Torneiro (piões), presente este ano na FIA (Feira Internacional de Artesanato) de lisboa.

sábado, 17 de julho de 2010

.pausa . férias.

(nome vulgar: Dente de leão/nome científico: Taraxum officinale)

quando as nuvens teimam pesar mais que algodão


Do céu me escondo

Com véu de breu me visto

E num arrojo

Desabrocho



mariam 2008/06/15






"Estou mesmo a precisar
de uma injecção
de essência de rosas"

Jorge Sousa Braga, in Bagas.de.Pólen

sábado, 10 de julho de 2010

bom porto




Bom porto


No horizonte, o cais do bom porto
Não são ventos os que empurram
Antes um apelo andante forte e seguro
Por entre as correntes e os sargaços
Neste mar nunca antes navegado

Quantos nortes, milhas e lançares de âncora ainda faltam…


mariam 2009/09/19


sábado, 3 de julho de 2010

Milongas d'amor



Milongas d’amor

Ofegantes notas solta o fole do bandoneón
O sangue em sobressalto corre cego e audaz
Como as ofegantes notas do bandoneón
Trocando as voltas ao pudor, no desejo
Atrás das vontades ele jorra às golfadas
Engasga o raciocínio e descompassa o olhar
Em quantas demoradas valsas já te conduziu
Quantas bagas já provaste desse veneno doce
Quantas abraçadas milongas dançaste
Quantos pensamentos negaste
Quantas vezes disseste amor (?)


mariam 2009/02/03